terça-feira, 12 de agosto de 2014

Pequenos Holocaustos 3


Não conseguia respirar, um nó na garganta, um sufoco que lhe parecia o fim do mundo perfeito. As árvores outrora verdes ganhavam tons púrpura e vermelho.
Baixou-se mas mesmo assim o ar recusava-se a entrar nos pulmões, os trovões ouviam-se antes dos relâmpagos, o seu mundo estava todo ao contrário.
Pensou que nunca tinha imaginado que uma só acção pudesse destruir tudo. Como se o mundo estivesse preso por um fio frágil que a qualquer momento pode ser cortado.
A tentação, a tentação, a estranha atracção pelo abismo.
Levantou-se a custo apoiado à arvore, estava quente quase queimava. O nó na garganta, conseguiu respirar mas o ar tinha um sabor diferente.
Reparou que estava nu, sempre o tinha estado mas agora era estranhamente evidente, como se o sufoco lhe tivesse limpo o olhar, pela primeira vez teve medo.
A seu lado, Eva encolheu os ombros e esboçou um sorriso que mais lhe pareceu um esgar.
Ficou com a sensação que a partir daquele momento é que realmente tudo iria começar.





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